domingo, 3 de abril de 2011

Início de um diálogo: POLICIAL UTILIZA SPRAY DE PIMENTA EM CRIANÇA ...

Em uma manifestação de ex-moradores do morro do Bumba, em Niterói, na região Metropolitana do Rio de Janeiro. Um grupo de pessoas reclamava do atraso no pagamento do aluguel social, concedido às vítimas das chuvas ocorridas em abril, onde ocorreram 47 mortes.

Os manisfestantes, ao receberem a notícia, no meio da manhã do dia 23 de março de 2011, de que o pagamento - que já está atrasado para algumas famílias há três meses - não seria feito naquela quarta, chegaram a fechar completamente a rua que fica em frente ao local onde estava agendado o pagamento do benefício. As famílias então seguiram para a Câmara de Niterói, entraram no prédio, tomaram os corredores e ocuparam a sala que dá acesso à presidência da Casa.

Diante da consfusão, policiais militares precisaram usar gás de pimenta para afastar os protestantes. Algumas pessoas passaram mal e tiveram que ser carregadas.

Como é habitual, houve violência desnecessária e erros graves foram cometidos por alguns policiais. Um desses erros gravíssimos foi documentado por um fotógrafo do jornal O Globo.

Ao ver a foto do policial usando spray de pimenta para tingir a criança fiquei indignidado, revoltado, mas não fiquei supreso.

Sempre disse e volto a dizer, a violência física ou moral é inaceitável e deve ser repudiada. A violência quando partida do Estado é ainda mais grave e deve ser imediatamente coibida, punida exemplarmente, com caráter pedagógico, tomando-se medidas de prevenção (mas é importante lembrar que não se pode preparar quem ainda não tem condições de ser preparado). É inaceitável e injustificada a ação truculenta do "polícial" (muitas vezes reflexo da índole do comandante), pois o homem de bem, não depende de salário ou condições de trabalho para cumprir seu maior dever, o de respeitar seu semelhante, em qualquer situação. A imagem que vimos, não só a do policial lançando o gas de pimenta em direção a criança, mas outras que ocorreram no mesmo episódio, é o maior exemplo da imbecilidade humana da sua maldade.

Lamentável; nada justifica a ação daquele "policial". Contudo, não pude deixar de analisar a responsabilidade da "mãe", pois, acredito que ela tem sua parcela de responsabilidade. Esta "mãe" levou seus filhos a uma situação onde o risco de confrontos é enorme; violência partindo do Estado ou dos próprios manifestantes. Na minha visão, a conduta do policial, despreparado emocionalmente, e da mãe, uma irresponsável, são inaceitáveis!

Justifico: até mesmo no mundo animal, as fêmeas não levam seus filhotes para próximo de um predador, na verdade faz o contrário. Uma mãe se sacrifica para proteger sua prole, seus interesses jamais devem se sobrepor a proteção da vida e da integridade física de seus filhos.

Eu questiono: O que uma criança naquela idade tem a apreender em uma manifestação como aquela e com o que aconteceu? O que aquela mãe proporcionou como experência de vida a àquela criança? Os riscos para a integridade física e emocional daquela criança não eram previsíveis?

Estou muito longe de viver em uma "redoma encantada de vidro". Tenho conciência do mundo a minha volta e dos fatos históricos que nos levaram as conquistas sociais. Mas sou pai e afirmo, mesmo que passando fome ou morando ao relento, jamais eu colocaria meus filhos em risco, morro por eles, mas não permito que eles corram o risco de serem atingidos física ou moralmente, até que tenham idade e maturidade para tomarem suas próprias decisões, concientes dos riscos que estão correndo. A segurança de uma criança deve estar em primeiro lugar, sempre. Não há bem maior que deva ser protegido do que a integridade física e moral de uma criança. Não precisamos de crianças feridas ou mortas para chamar a atenção do Estado. A visão tacanha permite que nossas crianças continuem sendo expostas por seus pais, usadas como escudo, sob o pretexto de estar defendendo um bem maior. É ingenuidade "romantica" acreditar que a presença de homens fardados em uma manifestação signifaca segurança infalível. Temos exemplos de sobra para sabermos o que pode ocorrer em situações semelhantes a que ocorreu na manifestação dos ex-moradores do Morro do Bumba, Noteroi/RJ.

Mais uma vez eu questiono: A vida, a integridade física e moral de uma criança não devem ser protegidas?

O tempo de contos de fada já acabou. Sabemos do que o ser humano é capaz. Prefiro a fome, a dor, o relento, ser humilhado, a ter que chorar o ferimento ou a morte de um filho. E se em armas eu tiver que pegar, o farei, mas meus filhos não estarão ao meu lado, estarão em um lugar seguro!

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